terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Falando claramente sobre balança comercial, investimento estrangeiro e câmbio

Falando claramente sobre balança comercial, investimento estrangeiro e câmbio: Quando o Brasil vende seus produtos ao exterior, o comprador estrangeiro paga ao exportador brasileiro em dólares, que é a moeda internacional de troca. Quando um fazendeiro do Mato Grosso vende soja para uma empresa lá em Xangai, o chinês paga o mato-grossense em dólares. Ele deposita dólares na conta do mato-grossense. Mas como, por decreto governamental, a única moeda corrente no Brasil é o real, esse mato-grossense terá então de trocar esses dólares por reais aqui no Brasil. E quem vai comprar os dólares do mato-grossense? Quase sempre, os bancos, por meio de suas corretoras. E o que os bancos farão com esses dólares? Venderão para importadores, que os utilizarão para, obviamente, comprar produtos do estrangeiro. O que interessa, portanto, é que, no final, esses dólares que foram vendidos pelo mato-grossense serão utilizados para importar produtos estrangeiros. Sem esses dólares seria impossível importar. Para os brasileiros que não estão no setor exportador, essa é a única função das exportações: elas permitem que haja importações. É exportando que se importa. Ou, para utilizar um clichê já bem surrado, exportar é o que importa. Quando se entende esse mecanismo básico, de fato torna-se um pouco mais compreensível a obsessão de economistas com as exportações. Afinal, sem elas, não seria possível comprar nada de fora (na verdade, seria sim, como veremos mais abaixo). Entretanto, as coisas começam a ficar mais turvas quando vemos economistas totalmente obcecados com exportações e fanaticamente contrários às importações. Qual seria o sentido de exportar sem importar? Do ponto de vista do cidadão brasileiro, as exportações de soja, laranja e aço do país só lhe são boas porque trazem dólares que lhe permitem importar iPads, notebooks, livros, carros e várias outras coisas. Fora isso, as exportações não lhe são nada vantajosas. Ao contrário até: quanto mais um país exporta, menor será a oferta desses bens exportados no mercado nacional. Quanto maior a exportação de soja, laranja, café e aço, menor será a oferta desses produtos para os brasileiros, o que significa que seus preços no mercado interno serão maiores do que poderiam ser caso não fossem exportados. De modo geral, sempre que a balança comercial apresenta um superávit recorde, isso significa que o cidadão brasileiro foi privado de uma maior oferta de bens, tanto aqueles produzidos nacionalmente e que foram exportados, quanto aqueles produzidos no estrangeiro e que não puderam ser importados por restrições governamentais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário