quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Notícias deflacionárias (e interessantíssimas) sobre o Japão

Notícias deflacionárias (e interessantíssimas) sobre o Japão: A seguir, transcrevo trechos de uma reportagem da Bloomberg sobre o atual cenário de deflação de preços no Japão. A reportagem possui um tom involuntariamente cômico: ao mesmo tempo em que a repórter insiste em assegurar ao leitor que deflação de preços é algo ruim, os próprios fatos citados na reportagem contradizem essa sua insistência. Peço ao leitor que tenha a bondade de ler tudo, é bastante interessante.Japão Aprende a Viver com a Deflação Os japoneses não se sentem mais tão ameaçados como antes. Eles também descobriram os benefícios da deflação. Os salários mensais caíram para uma média de 315.294 ienes (US$ 3.800) em 2009, o nível mais baixo desde 1990. Eu sei que não terei aumentos salariais, diz Momoko Noguchi. A jovem de 24 anos, residente em Tókio, sobrevive com dois empregos de meio expediente e compra de tudo, desde esmaltes até pratos de jantar, na loja local de 100 ienes (o equivalente japonês das lojas de 1 dólar), e paga 400 ienes ou menos por um almoço. Espero que os preços continuem caindo. Quatro de cada cinco japoneses dizem que preços mais altos seriam desvantajosos para a economia, de acordo com uma pesquisa do Banco Central. Os varejistas estão se esforçando enormemente para oferecer produtos baratos e ao mesmo tempo valiosos. Estamos vendo alguns bons efeitos decorrentes disso. Para ajudar a reverter um declínio de sete anos em suas franquias, a McDonald's Holdings do Japão, uma unidade do McDonald's, introduziu o menu dos 100 ienes em 2005. O hambúrguer que hoje é vendido por 100 ienes era vendido por 210 ienes em 1990. Desde a estréia deste novo e mais barato menu, as vendas passaram a subir ano após ano. As ações do McDonald's do Japão aumentaram 17% nos últimos três anos. A redução de preços feita pelas empresas ajudou os consumidores japoneses a se ajustarem à deflação. Atualmente, uma família média possui 1,4 carros e 2,4 televisões, valores 25% maiores do que em 1990, no ápice da bolha. A deflação ajudou os compradores de imóveis também, ao derrubar os preços desde seu ápice em 1990: os preços dos terrenos residenciais no Japão caíram uma média de 2,9% ao ano ao longo das últimas duas décadas. Jogadores de golfe pagam 26.800 ienes (US$ 324) para jogar um fim de semana, com direito a carregadores de taco e tudo. Vinte anos atrás, a taxa era de 40.000 ienes. Mais ainda: a proporção de pessoas contentes com seu padrão de vida foi de 63,9% ano passado. Em 1989, essa proporção era de 63,1%, segundo um relatório do governo. É surpreendente o que você pode comprar com 100 ienes atualmente. Não tínhamos lojas de 100 ienes antes, diz Sachiko Enokida, 80 anos, que vive de uma pensão bimestral dada pelo governo. Eu iria odiar se as coisas voltassem a ficar caras novamente.

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